Nasceu em Mossoró a 27 de maio de 1873, sendo filho do jornalista Jeremias da Rocha Nogueira, pai da imprensa mossoroense, e de Izabel Benigna da Cunha Viana. Foi o terceiro filho do casal que, antes dele, tiveram Cecília da Rocha Nogueira e Agar, vindo este a morrer ainda criança.
João foi o primeiro Escóssia de
Mossoró. Sobre isso nos conta Lauro da Escóssia: “Dias após o seu nascimento,
foi levado à Igreja Matriz de Santa Luzia a fim de receber as águas lustrais do
batismo. Seria batizado com o nome de João Batista da Rocha Nogueira. Na época
dessa cerimônia estava em evidência a luta entre a Igreja Católica e a
Maçonaria, em nossa cidade seriamente fomentada através do jornal, que tinha o
pai do neófito como diretor, pois era Jeremias da Rocha “homem de bons
costumes”. O padrinho seria Targino Nogueira de Lucena, outro maçom, pelo que
os dirigentes católicos rejeitaram batizar o inocente rebento de Jeremias. A
providência não se fez esperar: Jeremias conduziu a criança à Loja Maçônica 24
de junho, sendo ali batizada com o nome do patrono da Ordem Escocesa Antiga e
Aceita – São João da Escócia. Esta foi a solução lógica que deu origem à
família Escóssia (assim mesmo com dois ss), hoje com centenas de descendentes
radicados em vários Estados do País”.
João da Escóssia foi jornalista,
xilógrafo, artista plástico, desenhista, gravador, cenarista e autor de teatro.
Em 1901 fundou o jornal humorístico “O Echo” que circulou até 1902, e foi
considerado o marco da xilogravura potiguar. Em 12 de junho de 1902 reabriu “O Mossoroense”,
em sua segunda fase, dando continuidade ao trabalho do seu pai. O jornal ganhou
com João da Escóssia uma nova cara: passou a ser ilustrado com gravuras, cujas
matrizes ele próprio talhava em madeira utilizando apenas um simples canivete. No
número de estreia, o jornal apresentou uma alegoria em homenagem a Frei
Miguelinho, em trabalho de xilogravura que ocupava toda a primeira página. Em
sua empresa, denominada Atelier Escóssia, João também fazia artes
publicitárias, carimbos para particulares e empresas, intermediava aulas para
professores de arte, vendia cartões postais, máscaras carnavalescas e muitas
outras coisas de sua criação.
Sob a direção de João da Escóssia,
“O Mossoroense” circulou até 1917.
Foi um homem preocupado com o
futuro intelectual das novas gerações, ao ponto de se inscrever, em 1901, para
prestar auxílio ao Colégio Sete de Setembro, fundado a 7 de setembro de 1900
pelo professor Antônio Gomes de Arruda Barreto, que transferiu sua escola da
Paraíba para Mossoró a convite do farmacêutico Jerônimo Rosado.
Um início de paralisia o colocou
numa cadeira de rodas. Chegou a viajar ao Rio de Janeiro para tratar-se
na clínica do Dr. Henrique Roxo; não adiantou. Sofria também com inchaços e
fortes dores na mão direita, justamente a que imprimia força no canivete para
moldar formas na madeira.
Faleceu em
Mossoró a 14 de dezembro de 1919, num dia de domingo, aos 46 anos de idade.
Além de patrono de uma rua no bairro de Nova Betânia, bairro nobre da cidade, o
seu nome aparece com muita justiça no frontispício de um dos templos maçônicos
do Oriente de Mossoró – a Loja Maçônica João da Escóssia, fundada a 15 de maio
de 1967, por um grupo de 13 obreiros oriundos do quadro da sua coirmã, Loja 24
de junho, também deste Oriente.
FONTE – GERALDO MAIA
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